sexta-feira, 17 de agosto de 2007

ENTREVISTA FORMULADA PARA O PERIÓDICO Nº 1 - "AFLAM EM REVISTA:

ENTREVISTADO - MILTON MARQUES DE MEDEIROS – REITOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

Entrevista executada pela acadêmica e Jornalista
Izaíra Thalita da Silva Lima, Cadeira 8 da AFLAM
 
“Há entre nós mossoroenses muitos bons escritores, dignos dos melhores aplausos”
 MILTON MARQUES DE MEDEIROS é um homem de muitas qualidades como profissional dedicado e como apreciador da classe artística e cultural. Sócio Emérito da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM) o professor, Reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), escritor, médico, empresário, Sócio Efetivo do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e Sócio Correspondente da Academia Apodiense de Letras (AAPOL), falou um pouco sobre cultura sob um aspecto bem pessoal nesta entrevista curta, porém rica em essência.

AFLAM EM REVISTA – O homem Milton Marques possui muitas facetas: a de comunicador, empresário, reitor da universidade. Como é o Milton Marques escritor, amante das letras e da literatura

MILTON MARQUES - Não me considero escritor. Tenho algumas plaquetas publicadas, porém todas didáticas para consultas inicias na área da psicologia médica e psicopatologia clínica. Escritor é aquele que escreve e edita para o grande público, autor de composições literárias ou científicas originais aplicadas à ciência, às artes e à pesquisa. Tenho pelos escritores o maior respeito e admiração. Há entre nós mossoroenses muitos bons escritores, dignos dos melhores aplausos.

AFLAM EM REVISTA - Que influências culturais mais se fizeram presentes na sua ligação com as artes? Quem são os artistas/pessoas que o inspira?

MILTON MARQUES - A maior influência cultural que recebi relacionada às artes se deu na minha fase de formação médica. Na época a psiquiatria exigia muita cultura literária e sensibilidade artística por parte daqueles que se dedicassem a especialidade. Tive grandes mestres, um deles se destacou, o doutor e catedrático professor Heronildes Coelho, português de origem, homem culto e bom, muito influiu na minha formação de psiquiatra na Faculdade de Medicina da UFPB. Na pós-graduação em São Paulo registro o professor Carvalhal Ribas, da USP, outro grande que me inspirou junto às artes ali por volta dos anos 68 /70.  Cito, entre os que mais me impressionaram, fugindo dos clássicos, o pintor Newton Navarro, Oscar Niemeyer e o colombiano Gabriel García Márquez em Cem Anos de Solidão.

AFLAM EM REVISTA - Mossoró é conhecida por ter pessoas que batalham pelo fortalecimento da cultura local. Na sua opinião, do que sente falta na cidade nesse âmbito cultural?

MILTON MARQUES - Uma Faculdade de Teatro. Embora pareça ousadia, pois em nível de licenciatura só existe curso dessa extirpe no Sudeste, mais precisamente Rio de Janeiro e São Paulo. Mossoró, por sua vocação histórica nessa área, cabe oferecer um curso de Teatro a nossa macro região nordestina. A UERN tem planos. Embora nossas maiores carências locais sejam na área tecnológica – engenharias - restringindo-me à pergunta, entendo que a cultura poder ser ampliada com as artes cênicas. Não há de que se queixar do poder público municipal, que tem dado apoio ao crescimento da nossa cultura na atualidade, bons exemplos são a Feira do Livro, Festas Juninas e diversos Festivais durante todo ano no Teatro Dix-Huit Rosado.

AFLAM EM REVISTA – Que contribuições o senhor acredita que a AFLAM pode dar para o fortalecimento da cultura local?

MILTON MARQUES - A AFLAM já está dando enorme contribuição cultural a nossa cidade. Seu papel como pioneira na associação de escritoras locais, revelando e exaltando nossos valores literários, por si só se basta. Suas publicações, frutos do esforço das suas próprias associadas, revelam o quanto há de grande e evoluído em seu essencial objetivo. Mais ainda, o exemplo que essas valorosas mulheres estão dando a nossa atual geração de acadêmicas. Servir mais ainda seria fortalecer suas azas preparando-se para voos cada vez mais firmes indo a distâncias, em busca de outras associações similares nas capitais ou centros congêneres, fortalecendo dessa forma e cada vez mais o saber, o conhecimento e a cultura na nossa cidade e região.

AFLAM EM REVISTA – Como reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) o senhor tem favorecido a estruturação do curso de Música, dentro da Faculdade de Letras e Artes. Quais são as necessidades atuais deste curso?

MILTON MARQUES -  O curso de música dentro da Faculdade de Letras e Artes da UERN tem encontrado alguns percalços desde sua implantação até o momento. Nascendo anos atrás, sem previsão orçamentária específica para sua implantação, teve que se adaptar a uma série de situações criativas. Não fosse a vontade, a tenacidade e a superação dos seus professores, estudantes e abnegados diretores, estaria em situação pior. Deve ser melhorado, quanto à estrutura física, com mais salas acústicas especiais, instrumental qualificado e auditório próprio para exibições. Tudo programado para acontecer. O ideal é o prédio Epílogo de Campos no centro da cidade para abrigar adequadamente não só o curso de Música, mas também o Conservatório D’alva Stella Nogueira Freire, outros cursos de artes a ser criados e a sonhada Licenciatura em Teatro. Para tanto as pro-reitorias seriam implantadas no Campus Central, tal qual está no Plano Quadrianual do Governo Rosalba Ciarlini. Dotado de excelentes professores, ao curso de Música, em curto prazo, serão dadas as melhores condições físicas mesmo no Campus Central.

AFLAM EM REVISTA – O FESTUERN – Festival de Teatro da UERN - é outro importante trabalho de extensão da universidade. Que resultados esse projeto tem produzido no incentivo às artes cênicas?

MILTON MARQUES - O FESTUERN é um dos projetos de maior alcance social no campo das artes cênicas no Rio Grande do Norte. Mobiliza ao mesmo tempo mais de 60 escolas de ensino médio em todo o estado, centenas de estudantes e professores se engajam durante meses seguidos preparando suas apresentações para concorrer em uma única semana no Teatro Dix-Huit Rosado, aos prêmios e classificações de mérito. Também de extrema importância como movimento de inclusão social, pois atrai jovens que residindo nos bairros periféricos, nunca teriam oportunidades de mostrar seus talentos. Sem dúvida, o Festival de Teatro da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FESTUERN), é um grande movimento estimulador das artes cênicas em Mossoró.

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