quarta-feira, 28 de novembro de 2007

MARIA SYLVIA DE VASCONCELOS CÂMARA

SINTESE BIOGRÁFICA DA ESCRITORA E POETA MARIA SYLVIA DE VASCONCELOS CÂMARA,PATRONA DA CADEIRA 15 da AFLAM, OCUPADA PELA ACADÊMICA IVONETE PEREIRA DE PAULA BARROS


MARIA SYLVIA DE VASCONCELOS CÂMARA, filha do jornalista José Martins de Vasconcelos e de Dona Silvia Amélia Fernandes Freire de Vasconcelos, nasceu em Mossoró, Rio Grande do Norte, no dia 06 de março de 1908.
Como estudante da Escola Normal de Mossoró, Sylvia fez grandes amizades, se destacou como aluna e desempenhou um importante trabalho no meio estudantil.

A convite do Professor Eliseu Viana, Diretor da Escola Normal de Mossoró, Maria Sylvia de Vasconcelos Câmara e Lauro da Escóssia, como normalistas, assumiram o cargo para gerenciar a Revista ABC, órgão da Associação de Normalistas, que entrava em circulação no mês de maio de 1922, logo após a fundação da referida Instituição.

Para a sua editoração foi formada uma equipe, voltada para a redação, constituída pelos professores Paulo Nobre, Julieta Guimarães, Alzira Gonçalves e os normalistas Raimundo Reginaldo da Rocha, Ester Silva de Vasconcelos Câmara, Maria Anita Mota, Maria Elisa da Silva, Delmira Queiroz, Hilda Lopes, Lucilo Wanderley e Débora Caldas.

Essa Revista dinamizou, por demais, a Escola Normal, como instituição e era vista pelos alunos e respectivos pais como um instrumento de divulgação do saber. 

Foi nesse ínterim que Sylvia sentiu, interiormente, os primeiros toques relativos aos interesses pela literatura, em especial pelos versos.

Tempos depois se voltou, com mais afinco, para a escrita, passando a ser conhecida e admirada como poeta, trovadora, como uma real escritora. Tomada pela força da veia jornalística, herdada do seu pai, escrevia de bom grado para vários jornais de Mossoró e Fortaleza.

No rio Grande do Norte, mais especificamente na cidade de Mossoró, conhecida como a Capital do Oeste Potiguar, teve atuação significativa nas áreas relacionadas à literatura e a cultura de um modo geral.

Cooperou com os festejos da Abolição dos Escravos de Mossoró, escrevendo a letra do Hino Comemorativo do Centenário, hino que recebeu música da Professora Dalva Stella Nogueira Freire, de Fortaleza.

Editou vários livros, através da Fundação Vingt-un Rosado – Coleção Mossoroense, dentre eles:
-- Versos, Tempo de Romance e Outros Tempos;
-- A procura do tempo perdido;
-- Último Refugio e Outras Poesias;
-- O Museu Epistolográfico (1º, 2º, 3º e 4º volumes);
-- Trabalhos técnico-científicos, publicados no exterior.

Sua capacidade foi observada e aplaudida noutros estados, chegando a escritora a tomar parte em eventos significativos e, por conseguinte, a integrar grupos de destacada projeção na área da literatura.
Atuou, de forma significativa, nas páginas das publicações do escritor Aparício Fernandes de Natal-RN: “Anuário de Poetas do Brasil” e “Escritores do Brasil”. 

Figurou em “Ponta de Lança na Praça” do editor Joaquim José de Miranda Borges, de Uberaba Minas Gerais.
Participou das duas (2) Coletâneas do editor Arthur Francisco Baptista, de São Paulo: “Primavera em Trovas” e “Saudade em Trovas”.

Como forma de reconhecimento pelos serviços prestados à comunidade do Rio Grande cdo Norte, como professora, foram  atribuídos: 

-- pela Prefeitura Municipal de Mossoró, o “Prêmio Professora Maria Sylvia Vasconcelos Câmara”, destinado aos Concursos de poesias promovidos pelas Escolas do Município de Mossoró-RN;

-- pelo Governo Estadual do Rio Grande do Norte, o seu nome para a Escola Estadual na cidade de Caraubas.
Faleceu no dia 2 de maio de 1987, deixando um legado para ser apreciado por esta e as vindouras gerações que reconhecem o valor do estudo e da literatura, para a formação do ser humano como cidadão.

OBS: abaixo alguns dos versos da escritora e poeta Maria Sylvia Vasconcelos Câmara:

ÚLTIMO REFÚGIO

Poesia - amparo de ânsias e agonias,
urna do pranto amargo e solitário.
Poesia - contas mágicas de um rosário
de ardentes preces, pelas noites frias.

Acolhes, maternal, as litanias
da alma que enfrenta o sofrimento vário
e se agasalha no hiemal sudário,
deslembrada de risos e alegrias.

Mesmo que eu seja a última a venerar-te,
humilde ancila, fiel em procurar-te,
constante seguirei os teus caminhos,
pois contigo, em estradas de mil flores,
descrevi minhas ilusões, cantei amores
sob o teu manto de veludo e arminhos.
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OS FLAGELADOS 

Como em sonho febril, vejo passando
a caravana dos desamparados.
Vêm exaustos, sem forças, se arrastando,
com sede e fome, os pobres deserdados.

Crianças esqueléticas, desfilando
trôpegas, seguindo empós, no triste fado,
são títeres que se agitam ao vil comando
da miséria que os leva escravizados.

Aonde os conduzirá essa áspera estrada?
Onde irá  terminar a atroz caminhada,
essa jornada vã, sem esperanças?

Meu Deus, de quem será o estranho erro
que a terra transformou em cruel desterro
e deixa morrer de fome estas crianças?
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