Dulce Aguiar Cavalcante
AFLAM - Cadeira 18
AFLAM - Cadeira 18
Nem que sejam palavras ocas, banais,
Ou faladas ao esquecimento,
Quero-as todas para mim,
Neste ou naquele poema inexistente,
Pois não subsistem sem elas
O grito, o insulto, o sussurro.
Venham palavras!
Tragam ouro às manhãs,
Prata às tardes,
Ébano às noites,
Âmbar às madrugadas.
Venham, com ares noturnos,
Amarradas aos meus dedos
Como anéis de Saturno,
Aos meus desejos,
Como um cais dourado,
À minha mente,
Como único alento.
Para que sejam palavras
Compreendidas
No calor das emoções,
Veladas
No dissabor das partidas,
Endurecidas
Pelo estupor das decepções,
Pranteadas
No clamor das despedidas.
Um aceno, fruto do gesto,
Um adeus, soluço da voz,
Só na perplexidade do pensamento
Vale se muda a palavra.
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