Symara Tâmara Fernandes Carlos
AFLAM - Cadeira - 2
AFLAM - Cadeira - 2
“Ah, que saudades eu tenho/Da aurora da minha vida/ da minha infância querida/ que os anos não trazem mais!”
(Casimiro de Abreu)
(Casimiro de Abreu)
Existem pessoas que não costumam dar muita atenção às datas comemorativas por elas terem um apelo comercial muito forte. Concordo plenamente, embora tenha a cultura de comemorá-las. Compaixão, amor, respeito, caridade, muitas vezes, só se manifestam em períodos pascais ou natalinos e para autopromoção de muitas pessoas ou instituições. Lamentavelmente. Esses últimos dias tenho andado pelas ruas do centro e tenho visto as prateleiras e vitrines das lojas lotadas de bonecas, autoramas, bolas, velocipes, bicicletas, entre outros adereços que fazem a alegria da garotada, a data de 12 de outubro é dedicada no Brasil as nossas crianças, entendida como o período de se fazerem festinhas e dar brinquedos e doces aos nossos pequenos infantes.
Tenho uma lembrança boa da minha infância, exceto das quedas que sempre me levavam embora o reboco dos joelhos, queria correr como os outros meninos, mas o corpo franzino e as pernas finas não tinham tanta resistência para essas brincadeiras que exigem demasiado esforço físico. Também não fui uma criança das mais saudáveis. O jeito era brincar de bonecas mesmo. E pra falar a verdade, era mesmo com bonecas que eu gostava de brincar. Consegui até realizar o sonho de ter uma Barbie, afinal todas as meninas da minha época queriam uma Barbie (é interessante como os sonhos mudam quando a gente vai crescendo, envelhecendo, mas isso é assunto pra outra hora). Nesse período de exaltar uma das melhores e mais bonitas fases da vida, lembro-me de um episódio que me aconteceu e que eu vou guardar para o resto dos meus dias, digamos que com um pouco de remorso.
Estava eu a caminhar por uma dessas lojas da cidade onde se vendem, entre tantas coisas, brinquedos, e enquanto fazia minhas compras de rotina, me deliciava experimentando apertar as bonecas que choram, outras que riem, bichinhos de pelúcia, vendo as crianças acompanhadas de seus pais escolherem seus presentes. Eu particularmente adoro crianças, a alegria e a espontaneidade delas. Em meio ao meu entretenimento um tanto infantil demais para minha idade (cronológica), uma vozinha vem de baixo (afinal a criatura era menor do que eu), e diz: - Moça, me dá um brinquedo? A criatura sujinha, pés descalços, era um menino, e devia ter mais ou menos uns seis ou sete anos. A moça era eu. E eu, no alto do meu estresse não sei de quê, tasquei-lhe um NÃO, como se diz por aí, bem redondo. Rapidamente, o menino sumiu da minha vista e um arrependimento infindo tomou conta de mim, por que eu não dei o brinquedo àquele menino? Porque eu não abrir mão de alguns reais (que não seriam muitos, havia brinquedos para todos os níveis aquisitivos) para satisfazer o ego infantil daquela criatura? Era uma criança de rua e fugia certamente com medo que o meu não também chamasse a atenção do guarda. Procurei-o pela loja, não o encontrei mais. Que pena!
Não há como guardar uma boa lembrança desse fato em virtude de eu não ter feito, naquele momento, algo pra deixar a realidade daquela criança menos cruel, pelo menos enquanto aquele brinquedo estivesse em suas mãos, eu sei que não estaria mudando a vida daquele garoto se eu desse o brinquedo a ele, mas estaria dando-lhe oportunidade naquele momento, de ser criança, de sonhar, já que sua realidade não permite que o faça. Não devemos esperar o momento certo para fazer algo por alguém, o momento certo é qualquer momento. Para mim, o 12 de outubro nunca mais será o mesmo, pra falar a verdade, já não é faz um bom tempo, afinal presente já não ganho mais. O último foi aos 15 anos e isso já faz um tempo...
Tenho uma lembrança boa da minha infância, exceto das quedas que sempre me levavam embora o reboco dos joelhos, queria correr como os outros meninos, mas o corpo franzino e as pernas finas não tinham tanta resistência para essas brincadeiras que exigem demasiado esforço físico. Também não fui uma criança das mais saudáveis. O jeito era brincar de bonecas mesmo. E pra falar a verdade, era mesmo com bonecas que eu gostava de brincar. Consegui até realizar o sonho de ter uma Barbie, afinal todas as meninas da minha época queriam uma Barbie (é interessante como os sonhos mudam quando a gente vai crescendo, envelhecendo, mas isso é assunto pra outra hora). Nesse período de exaltar uma das melhores e mais bonitas fases da vida, lembro-me de um episódio que me aconteceu e que eu vou guardar para o resto dos meus dias, digamos que com um pouco de remorso.
Estava eu a caminhar por uma dessas lojas da cidade onde se vendem, entre tantas coisas, brinquedos, e enquanto fazia minhas compras de rotina, me deliciava experimentando apertar as bonecas que choram, outras que riem, bichinhos de pelúcia, vendo as crianças acompanhadas de seus pais escolherem seus presentes. Eu particularmente adoro crianças, a alegria e a espontaneidade delas. Em meio ao meu entretenimento um tanto infantil demais para minha idade (cronológica), uma vozinha vem de baixo (afinal a criatura era menor do que eu), e diz: - Moça, me dá um brinquedo? A criatura sujinha, pés descalços, era um menino, e devia ter mais ou menos uns seis ou sete anos. A moça era eu. E eu, no alto do meu estresse não sei de quê, tasquei-lhe um NÃO, como se diz por aí, bem redondo. Rapidamente, o menino sumiu da minha vista e um arrependimento infindo tomou conta de mim, por que eu não dei o brinquedo àquele menino? Porque eu não abrir mão de alguns reais (que não seriam muitos, havia brinquedos para todos os níveis aquisitivos) para satisfazer o ego infantil daquela criatura? Era uma criança de rua e fugia certamente com medo que o meu não também chamasse a atenção do guarda. Procurei-o pela loja, não o encontrei mais. Que pena!
Não há como guardar uma boa lembrança desse fato em virtude de eu não ter feito, naquele momento, algo pra deixar a realidade daquela criança menos cruel, pelo menos enquanto aquele brinquedo estivesse em suas mãos, eu sei que não estaria mudando a vida daquele garoto se eu desse o brinquedo a ele, mas estaria dando-lhe oportunidade naquele momento, de ser criança, de sonhar, já que sua realidade não permite que o faça. Não devemos esperar o momento certo para fazer algo por alguém, o momento certo é qualquer momento. Para mim, o 12 de outubro nunca mais será o mesmo, pra falar a verdade, já não é faz um bom tempo, afinal presente já não ganho mais. O último foi aos 15 anos e isso já faz um tempo...
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