Symara Tâmara Fernandes Carlos
AFLAM - Cadeira 3
AFLAM - Cadeira 3
Sem dúvida alguma, Zila Mamede é uma figura ímpar da literatura, mais precisamente da poesia norte-rio-grandense, e porque não brasileira, do século XX. Sendo “Navegos”, no entanto, não só uma antologia poética, ele traz toda a bagagem poético- literária dessa poeta que, para grandes nomes da literatura brasileira como Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, está entre os maiores do país. Na obra, que é composta pelas anteriores: “Rosa de Pedra” (1953), “O Arado” (1959), “Exercício da Palavra” (1975) e “Corpo a Corpo” (1978), o que podemos ver é que em cada uma delas há uma preocupação da autora em relação ao uso das palavras, sendo esse uso, progressivamente, cada vez mais categórico e característico aos temas abordados, em geral a terra, a infância, o mar, a solidão, sendo esta a razão de um verso limpo, elegante e bem trabalhado.
Nos anos 50, num período em que aflorava um Neoparnasianismo retórico, surge Zila em seu “Rosa de Pedra”, que apesar da breve influência da época literária, o que se pode perceber claramente pela escrita em forma de soneto, se vê simultaneamente um verso sem as redundâncias e critérios formais característicos do estilo. Uma linguagem direta, onde Zila retrata suas impressões de infância e o mar, psicologicamente simbólico, fruto de idéias surrealistas também próprias da época, sendo associadas alusivamente à fuga, ao refúgio, à liberdade, sendo esta a temática presente em “Rosa de Pedra”.
“Salinas”, o segundo livro da poetisa e com ele recebeu o prêmio Vânia Souto Carvalho, Recife, 1958, traz a temática contínua da infância e do mar, que a essa altura já seria uma característica marcante na poesia de Zila Mamede, onde o chão agreste do domínio verbal está cada vez mais sólido e consistente, mas ainda em estado de transição. Mesmo envolvida na temática de Rosa de Pedra, a visão que se tem é um tanto mais objetiva e concreta, porém sua grandeza poética não se resume a isto, sua intenção telúrica é denunciada em alguns momentos de liberdade lingüística, que marcariam o caminho ao qual, transitoriamente, ela percorreu para chegar a “O Arado”.
“O Arado”, publicado no Rio de Janeiro pela Livraria São José, é marcado pelo amadurecimento poético de Zila e pela visão apaixonadamente bucólico-agrária, dando à terra através de seus poemas, um poder de imponência, um esplendor, uma verdade sólida que até mesmo alguns dos grandes clássicos da poesia regionalista brasileira deixam passar despercebida. É um momento de ápice não só da poesia de Zila Mamede, mas também da poesia brasileira.
Passam-se 16 anos, depois da publicação de O Arado, para que Zila retorne às publicações com “Exercício da Palavra”, seu quarto livro de poemas, publicado pela Fundação José Augusto, em Natal. Quanto à sua estrutura, que faz jus ao título por ser o perfeito uso da linguagem o ponto culminante em toda a obra, não se trata de um livro com unicidade em seu tema, fato que, impressionantemente, não compromete sua valiosidade poética. Há uma mudança na visão temática, que agora enfoca as impressões urbanas da poetisa, sob uma visão panorâmica dessa realidade.
Para mostrar o perfeito domínio poético-lingüístico alcançado pela poetisa é que se publicou inversamente sua antologia, ou seja, “Corpo a Corpo”, obra até então inédita, seguida das obras anteriores em ordem decrescente de publicação, simboliza o clímax poético de Zila e desfecha os seus 25 anos de poesia. A preocupação maior da autora é transformar as visões amargas, mais ainda, de tornar perceptível a beleza implicitamente existente nessas visões. É dessa forma que em “Navegos”, Zila deixam registrados, através da disposição de suas obras na íntegra, o talento e a sutileza no seu estilo arquitetônico de trabalhar as palavras.
Nos anos 50, num período em que aflorava um Neoparnasianismo retórico, surge Zila em seu “Rosa de Pedra”, que apesar da breve influência da época literária, o que se pode perceber claramente pela escrita em forma de soneto, se vê simultaneamente um verso sem as redundâncias e critérios formais característicos do estilo. Uma linguagem direta, onde Zila retrata suas impressões de infância e o mar, psicologicamente simbólico, fruto de idéias surrealistas também próprias da época, sendo associadas alusivamente à fuga, ao refúgio, à liberdade, sendo esta a temática presente em “Rosa de Pedra”.
“Salinas”, o segundo livro da poetisa e com ele recebeu o prêmio Vânia Souto Carvalho, Recife, 1958, traz a temática contínua da infância e do mar, que a essa altura já seria uma característica marcante na poesia de Zila Mamede, onde o chão agreste do domínio verbal está cada vez mais sólido e consistente, mas ainda em estado de transição. Mesmo envolvida na temática de Rosa de Pedra, a visão que se tem é um tanto mais objetiva e concreta, porém sua grandeza poética não se resume a isto, sua intenção telúrica é denunciada em alguns momentos de liberdade lingüística, que marcariam o caminho ao qual, transitoriamente, ela percorreu para chegar a “O Arado”.
“O Arado”, publicado no Rio de Janeiro pela Livraria São José, é marcado pelo amadurecimento poético de Zila e pela visão apaixonadamente bucólico-agrária, dando à terra através de seus poemas, um poder de imponência, um esplendor, uma verdade sólida que até mesmo alguns dos grandes clássicos da poesia regionalista brasileira deixam passar despercebida. É um momento de ápice não só da poesia de Zila Mamede, mas também da poesia brasileira.
Passam-se 16 anos, depois da publicação de O Arado, para que Zila retorne às publicações com “Exercício da Palavra”, seu quarto livro de poemas, publicado pela Fundação José Augusto, em Natal. Quanto à sua estrutura, que faz jus ao título por ser o perfeito uso da linguagem o ponto culminante em toda a obra, não se trata de um livro com unicidade em seu tema, fato que, impressionantemente, não compromete sua valiosidade poética. Há uma mudança na visão temática, que agora enfoca as impressões urbanas da poetisa, sob uma visão panorâmica dessa realidade.
Para mostrar o perfeito domínio poético-lingüístico alcançado pela poetisa é que se publicou inversamente sua antologia, ou seja, “Corpo a Corpo”, obra até então inédita, seguida das obras anteriores em ordem decrescente de publicação, simboliza o clímax poético de Zila e desfecha os seus 25 anos de poesia. A preocupação maior da autora é transformar as visões amargas, mais ainda, de tornar perceptível a beleza implicitamente existente nessas visões. É dessa forma que em “Navegos”, Zila deixam registrados, através da disposição de suas obras na íntegra, o talento e a sutileza no seu estilo arquitetônico de trabalhar as palavras.
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