quarta-feira, 28 de novembro de 2007

VALEU A PENA

Dulce Aguiar Cavalcante
AFLAM - Cadeira 18


A reflexão implícita,
O repensar urgente
Do que valeu apena.

Valeram as folhas que caíram
Em outonos memoráveis
E que foram relva para meus caminhares...

Valeram as águas que se renovaram
E os rios, caudais de lamúrias e de loas,
Para o mergulho de intermináveis vagares...

Valeram as palavras que tudo disseram
Em versos cantantes, cortantes, solenes,
No arrepio dos sussurros e doces gostares...

Valeram os brotos que afloraram
E desabrocharam mais verdes e ternos
Sob a plácida chuva de incessantes molhares...

Valeram os ninhos que se trançaram
À sombra de sonhos e de incompletudes,
Deitando, nos galhos, gostosos farfalhares...

Valeram os cantos de alvoroço dos bem-te-vis
E o de regresso das juritis que vinham de longe
Trazendo a inquietude dos desejares...

Valeram as flores, em cores que se espalharam
Como pétalas de ternura e sensuais misturas,
E tudo que coloriu transgressores olhares...

Valeram as brisas, que chamei com um aceno
Para aclamar tempestades que borbulhavam em taças,
E as estrelas que contei com os dedos em incontáveis sonhares...


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