Francisca Lenilda da Silva
AFLAM – Cadeira 09
AFLAM – Cadeira 09
O prazer de escrever este memorial transcende a obrigatoriedade de cumprir um exercício acadêmico, pois este momento para mim revela-se um encontro com o meu passado, me conduz a lugares guardados.
Como quase que apagado pela poeira do tempo, quando de repente me vejo vasculhando na memória tantos momentos bons e ruins que me proporcionaram alegrias, choro, e saudades.
Todos estes sentimentos, sensações e emoções me fazem sentir forte porque através deste exercício fortaleço a minha identidade e me vejo diante de uma janela olhando para a minha vida como quem fica na janela vendo a banda passar. E nesta banda estou eu, Francisca Lenilda da Silva, filha de Maria das Dores da Silva e Raimundo Paulino da Silva e nove irmãos, dos quais três morreram.
Na infância meus primeiros anos de vida foram no sítio Alivio comunidade rural de Olho d água dos Borges, no estado do Rio Grande do Norte.
Nasci no dia oito de outubro 1965. O País tinha sofrido o golpe militar e estava sendo governado através do Ato Institucional nº. 1 de 9 de abril de 1964, onde os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica se autodenominaram "comandantes de uma revolução vitoriosa", afirmando em seu preâmbulo que a revolução não procurava legitimar-se através do Congresso, "mas que este é que recebia daquele Ato sua legitimação, como resultado do exercício do Poder Constituinte.
Como quase que apagado pela poeira do tempo, quando de repente me vejo vasculhando na memória tantos momentos bons e ruins que me proporcionaram alegrias, choro, e saudades.
Todos estes sentimentos, sensações e emoções me fazem sentir forte porque através deste exercício fortaleço a minha identidade e me vejo diante de uma janela olhando para a minha vida como quem fica na janela vendo a banda passar. E nesta banda estou eu, Francisca Lenilda da Silva, filha de Maria das Dores da Silva e Raimundo Paulino da Silva e nove irmãos, dos quais três morreram.
Na infância meus primeiros anos de vida foram no sítio Alivio comunidade rural de Olho d água dos Borges, no estado do Rio Grande do Norte.
Nasci no dia oito de outubro 1965. O País tinha sofrido o golpe militar e estava sendo governado através do Ato Institucional nº. 1 de 9 de abril de 1964, onde os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica se autodenominaram "comandantes de uma revolução vitoriosa", afirmando em seu preâmbulo que a revolução não procurava legitimar-se através do Congresso, "mas que este é que recebia daquele Ato sua legitimação, como resultado do exercício do Poder Constituinte.
O mundo evidentemente estava passando por grandes mudanças. Havia na Europa o movimento da contracultura, polêmica e ousadia fizeram parte do movimento social e político da contracultura, movimento este baseado na rejeição das convenções dos costumes conservadores. Comunidades alternativas, festivais de música, cabelos compridos, roupas largadas e coloridas foram algumas das características dos “hippies”, que se destacaram pela oposição sistemática à guerra do Vietnã e também pela postura liberal relacionada ao comportamento sexual.
No final da década de 60 e início da de 70 tudo isso veio influenciar na minha formação e comportamento do qual pretendo relatar. Mas, neste período a referencia cultural nordestina acentuada era a música. Luiz Gonzaga compõe para os sertanejos. Existiam também os partidos políticos que trabalhavam na clandestinidade. Está década fora de muitas lutas no mundo inteiro. No ano de 1968 foi criada, em Mossoró, pela lei municipal número 20/68, e assinada pelo prefeito Raimundo Soares de Souza, a Fundação Universidade do Rio grande do Norte, que definiria um progresso no campo intelectual para a cidade.
Apesar de toda tirania da ditadura Brasileira o país crescia industrialmente e a propagação deste crescimento fez com que muitas famílias de agricultores que tinha vidas sofridas pela seca e pela exploração dos patrões, os donos das fazendas, abandonassem suas cidades de origem e viessem para as cidades indústrias a procura de trabalho. O êxodo rural expandiu-se e meus pais como muitos agricultores, vieram tentar a vida na cidade.No final da década de 60 e início da de 70 tudo isso veio influenciar na minha formação e comportamento do qual pretendo relatar. Mas, neste período a referencia cultural nordestina acentuada era a música. Luiz Gonzaga compõe para os sertanejos. Existiam também os partidos políticos que trabalhavam na clandestinidade. Está década fora de muitas lutas no mundo inteiro. No ano de 1968 foi criada, em Mossoró, pela lei municipal número 20/68, e assinada pelo prefeito Raimundo Soares de Souza, a Fundação Universidade do Rio grande do Norte, que definiria um progresso no campo intelectual para a cidade.
Eles não sabiam ler, somente assinar o nome, em função da lei 5.540/68 que obrigava todo cidadão brasileiro aprender a fazer o nome para tirar o título eleitoral. Eles tinham noções básicas de matemática, mais nunca tiveram intimidade com o universo da escrita.
No ano de 1968, vieram para Mossoró, trazendo três filhos: eu e meus dois irmãos, Railson Paulino da Silva im memória, e Rivailson Paulino da Silva. Ao todo somos seis vivos. (Dois morreram quando criança). Quatro do sexo masculinos e três do feminino, os demais nasceram em Mossoró.
Na bagagem trouxemos uma cabra, uma bicicleta e uma pequena economia que deu para comprar uma casa de taipa no bairro da Lagoa do Mato.
Meu pai passou a trabalhar de cabeceiro numa salina do Senhor Francisco Souto Soares, e a minha mãe vendia cocadas e doces num quiosque, construídos por eles, ao lado da casa que morávamos.
Com meus pais aprendi os valores morais como não desejar o mau às pessoas, só comprar o que posso pagar e acima de tudo, ser franca e primar pela verdade.
A cada ano a casa que morávamos ficava cada vez menor com o nascimento dos outros irmãos.
Em 1972 inauguraram um grupo escolar no bairro do alto do xerém. A Escola Reunida Alto do Xerém, regida pela lei 5.697/77. Lá chegando, aos nove anos tive que me socializar com as outras crianças. Aprender a conviver com o preconceito racial e com as piadas pejorativas. Conheci a educação escolar. “Nesta década se deu à reforma do ensino implantada pela Lei 5.692/71, que democratizou o ensino público – forçando os Estados e Municípios a estenderem suas redes de ensino às camadas populares”.
Durante esta minha trajetória pela Escola, o país ainda era regido pela ditadura militar. A opressão social refletia-se na sala, e até mesmo, na nossa família. Meu pai continuava trabalhando como cabeceiro numa salina e a minha mãe cuidando do quiosque.
Para mim, como filha mais velha de uma família de sete irmãos restavam cuidar deles como se fosse à mãe.
Hoje compreendo que esta situação teve seus aspectos positivos, porque desenvolvi um senso de coletividade muito grande, mas por outro lado, não tive infância como às outras crianças.
Procurava fazer coisas que me desse suporte para enfrentar as minhas dúvidas e angústias de menina pobre negra e que sonhava em ser artista, sem ao menos saber o que era arte.
Durante esta fase escolar meu pai passou por sérios problemas de saúde e foi diagnosticado pelos médicos como esgotamento no sistema nervoso. Todos estes entraves me distanciavam do ambiente escolar.
Com estes acontecimentos vivia a minha adolescência, a descoberta da sexualidade e adentrava no fervor da juventude.
Os sonhos, as diversões iriam ocupando o lugar dos estudos e sem a figura do meu pai presente no nosso dia a dia comecei a freqüentar outros lugares fora do bairro em que morava.
A partir daí tive contatos com os intelectuais e artistas da cidade. Nos movimentos populares conheci a professora Socorro Batista, o professor Aécio Candido, Telma Gurgel, Augusto Pinto, Crispiniano Neto, Nonato Santos, sendo este ultimo citado, atualmente meu companheiro.
Estas pessoas que tinha e tenho profunda admiração direta ou indiretamente contribuíram de forma muito positiva para pessoa que sou hoje: Tenho dois filhos Ilê Santos e Odara Inaê dos Santos razão e alegria da minha v ida; Estou professora desde 1991; trabalhei em escola de ensino formal; e as demais experiências educacionais foram com a pedagogia teatral; Atuo no movimento cultural de Mossoró desde 1986, cursei no período entre 2003 e 2007, Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) e Especialização em Gestão de Recursos Humanos 2009 a 2010.
A necessidade de ampliar meus saberes e fazer parte da AFLAM, se dá pelo fato de possibilitar aproximação com as mais variadas linguagens. O Teatro é uma ferramenta essencial para abordar temáticas educativas e artísticas no momento atual, a sociedade se apropria do “ensino das artes cênicas” como um serviço à disposição da globalização, e cada vez mais o mercado utiliza este tipo de serviço, por ser o teatro uma das expressões artísticas produzida coletivamente e de rápida comunicação.
O teatro desde o seu surgimento como arte, relaciona-se com a literatura, o que me desaperta a necessidade de aprofundamento e conhecimento da arte literária, das técnicas de analises dos textos, e da contextualização desta no processo histórico. Buscando a interação entre as artes literária e teatral e a correlação destas com o senso comum e o cientifico, a cultura erudita e a tradicional.
A partir dessas diretrizes, surge, portanto, o desafio de voltar-se para uma literatura que efetive o contexto histórico-social e que desenvolva um compromisso de englobar ética, valores, comportamentos, artes, ciências, tecnologias, a ecologia e princípios básicos de dignidade humana, igualdade de direitos, participação e co-responsabilidade social.
As ferramentas artísticas pedagógicas necessitam de uma fundamentação teórica respaldada nos conhecimentos literários. Buscando unificar interesses e compartilhar saberes através da investigação de novas possibilidades das variações textuais considerando: o uso do texto literário na voz e na interpretação teatral, bem como, de sua influência na criação e concepção de cenários, figurinos, iluminação, sonoplastia, que se dialoguem com a linguagem textual.
As práticas desenvolvidas pelo teatro nas mais variadas áreas e segmentos da sociedade contemporânea vêm expandindo-se, tornando-se fundamental para o desenvolvimento de uma reflexão crítica e contribuindo deste modo para satisfazer a busca de novas experiências.
O jogo teatral atrelado a analise textual estimula o autoconhecimento e re-significação do lugar da pessoa no ambiente em que está inserido e como experiência individual e/ou coletiva, que os coloquem em contato com a arte e com a vida, ampliando a leitura do mundo num exercício útil para a pedagogia. Desta forma me sinto motivada por estar entre pessoas que desejam construir e reconstruir coisas com ousadia e perseverança.
No ano de 1968, vieram para Mossoró, trazendo três filhos: eu e meus dois irmãos, Railson Paulino da Silva im memória, e Rivailson Paulino da Silva. Ao todo somos seis vivos. (Dois morreram quando criança). Quatro do sexo masculinos e três do feminino, os demais nasceram em Mossoró.
Na bagagem trouxemos uma cabra, uma bicicleta e uma pequena economia que deu para comprar uma casa de taipa no bairro da Lagoa do Mato.
Meu pai passou a trabalhar de cabeceiro numa salina do Senhor Francisco Souto Soares, e a minha mãe vendia cocadas e doces num quiosque, construídos por eles, ao lado da casa que morávamos.
Com meus pais aprendi os valores morais como não desejar o mau às pessoas, só comprar o que posso pagar e acima de tudo, ser franca e primar pela verdade.
A cada ano a casa que morávamos ficava cada vez menor com o nascimento dos outros irmãos.
Em 1972 inauguraram um grupo escolar no bairro do alto do xerém. A Escola Reunida Alto do Xerém, regida pela lei 5.697/77. Lá chegando, aos nove anos tive que me socializar com as outras crianças. Aprender a conviver com o preconceito racial e com as piadas pejorativas. Conheci a educação escolar. “Nesta década se deu à reforma do ensino implantada pela Lei 5.692/71, que democratizou o ensino público – forçando os Estados e Municípios a estenderem suas redes de ensino às camadas populares”.
Durante esta minha trajetória pela Escola, o país ainda era regido pela ditadura militar. A opressão social refletia-se na sala, e até mesmo, na nossa família. Meu pai continuava trabalhando como cabeceiro numa salina e a minha mãe cuidando do quiosque.
Para mim, como filha mais velha de uma família de sete irmãos restavam cuidar deles como se fosse à mãe.
Hoje compreendo que esta situação teve seus aspectos positivos, porque desenvolvi um senso de coletividade muito grande, mas por outro lado, não tive infância como às outras crianças.
Procurava fazer coisas que me desse suporte para enfrentar as minhas dúvidas e angústias de menina pobre negra e que sonhava em ser artista, sem ao menos saber o que era arte.
Durante esta fase escolar meu pai passou por sérios problemas de saúde e foi diagnosticado pelos médicos como esgotamento no sistema nervoso. Todos estes entraves me distanciavam do ambiente escolar.
Com estes acontecimentos vivia a minha adolescência, a descoberta da sexualidade e adentrava no fervor da juventude.
Os sonhos, as diversões iriam ocupando o lugar dos estudos e sem a figura do meu pai presente no nosso dia a dia comecei a freqüentar outros lugares fora do bairro em que morava.
A partir daí tive contatos com os intelectuais e artistas da cidade. Nos movimentos populares conheci a professora Socorro Batista, o professor Aécio Candido, Telma Gurgel, Augusto Pinto, Crispiniano Neto, Nonato Santos, sendo este ultimo citado, atualmente meu companheiro.
Estas pessoas que tinha e tenho profunda admiração direta ou indiretamente contribuíram de forma muito positiva para pessoa que sou hoje: Tenho dois filhos Ilê Santos e Odara Inaê dos Santos razão e alegria da minha v ida; Estou professora desde 1991; trabalhei em escola de ensino formal; e as demais experiências educacionais foram com a pedagogia teatral; Atuo no movimento cultural de Mossoró desde 1986, cursei no período entre 2003 e 2007, Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) e Especialização em Gestão de Recursos Humanos 2009 a 2010.
A necessidade de ampliar meus saberes e fazer parte da AFLAM, se dá pelo fato de possibilitar aproximação com as mais variadas linguagens. O Teatro é uma ferramenta essencial para abordar temáticas educativas e artísticas no momento atual, a sociedade se apropria do “ensino das artes cênicas” como um serviço à disposição da globalização, e cada vez mais o mercado utiliza este tipo de serviço, por ser o teatro uma das expressões artísticas produzida coletivamente e de rápida comunicação.
O teatro desde o seu surgimento como arte, relaciona-se com a literatura, o que me desaperta a necessidade de aprofundamento e conhecimento da arte literária, das técnicas de analises dos textos, e da contextualização desta no processo histórico. Buscando a interação entre as artes literária e teatral e a correlação destas com o senso comum e o cientifico, a cultura erudita e a tradicional.
A partir dessas diretrizes, surge, portanto, o desafio de voltar-se para uma literatura que efetive o contexto histórico-social e que desenvolva um compromisso de englobar ética, valores, comportamentos, artes, ciências, tecnologias, a ecologia e princípios básicos de dignidade humana, igualdade de direitos, participação e co-responsabilidade social.
As ferramentas artísticas pedagógicas necessitam de uma fundamentação teórica respaldada nos conhecimentos literários. Buscando unificar interesses e compartilhar saberes através da investigação de novas possibilidades das variações textuais considerando: o uso do texto literário na voz e na interpretação teatral, bem como, de sua influência na criação e concepção de cenários, figurinos, iluminação, sonoplastia, que se dialoguem com a linguagem textual.
As práticas desenvolvidas pelo teatro nas mais variadas áreas e segmentos da sociedade contemporânea vêm expandindo-se, tornando-se fundamental para o desenvolvimento de uma reflexão crítica e contribuindo deste modo para satisfazer a busca de novas experiências.
O jogo teatral atrelado a analise textual estimula o autoconhecimento e re-significação do lugar da pessoa no ambiente em que está inserido e como experiência individual e/ou coletiva, que os coloquem em contato com a arte e com a vida, ampliando a leitura do mundo num exercício útil para a pedagogia. Desta forma me sinto motivada por estar entre pessoas que desejam construir e reconstruir coisas com ousadia e perseverança.
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