Maria José Araujo Melo de Sousa
AFLAM - Cadeira 11
AFLAM - Cadeira 11
Um certo dia, madrinha Bela, minha madrasta, mandou que eu fosse buscar lenha para cozinhar o almoço. Com raiva, eu disse que não ia. Ora essa! Ela só mandava eu. Parece que tinha marcação comigo. Ela me deu um cocorote que doeu até na ponta do dedo do pé, por isso eu dei um chute na canela dela. Meu pai ia chegando e só deu pra mim. Deu-me uma surra de cinturão, daquelas de cair o coro das costas. Depois, como castigo, mandou-me buscar água no rio. Olhe! Eu saí com uma raiva, raiva não, ódio, eu ia com tanto ódio que nem sei. Chutava pedras, matos, dizia palavrões, chorava, lembrava-me de minha mãe e dizia comigo mesma: se eu tivesse Mãe não aconteceria isso, era bem tratado. Ora! Do jeito que eu estava com raiva. Imagine, enquanto eu enchia as ancoretas, o burro me deu um coice que eu caí sentado. Coitado! Parece que também estava com raiva. Dar duas viagens por dia para ir buscar água e lenha. Peguei um pedaço de pau grosso, dei uma cacetada no pescoço dele e ele caiu prontinho. Depois, quando a raiva passou, arrependi-me, fiquei sentado, olhando com pena e com medo de chegar em casa. Quando voltei para casa, meu pai me deu outra surra. Com desgosto, juntei minhas roupas, pouca coisa, e vim embora para Mossoró. Vim morar em casa de parentes, uma tia minha irmã de papai. Tia Bela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário