quarta-feira, 28 de novembro de 2007

LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM OS IDOSOS

Izaíra Thalita da Silva Lima
AFLAM - Cadeira 8

      Um olhar de quem quer mais do que uma conversa solta na calçada, num final de tarde. É um olhar carente de quem quer atenção e carinho. As mãos enrugadas, a roupa com cheiro de perfume suave, os cabelos presos e bem penteados, que não se escondem do passado de tantas histórias.Olhar de quem muito viveu, mas que nem sempre foram momentos bons.
      Talvez momentos felizes, momentos de uma alegria que agora só é lembrada ao rever os álbuns de fotografias.Por um minuto, me coloquei no lugar daquela senhora de 80 anos, que reclamava da saudade dos filhos, de quando os colocou no colo e de quando ficou horas a cuidar das febres, das gripes e dos medos deles. Por um minuto, me senti na cadeira de balanço, a imaginar uma velhice num futuro tão incerto quanto é o nosso mundo.
      Não há como negar, o olhar me lembrou a vulnerabilidade de uma criança. Podemos ser fortes, ter enfrentado um mundo de desafios, mas na velhice teremos ‘aquele’ olhar, de quem parece pedir proteção. Aprendemos com os idosos a percebê-los, a resgatar a nossa inocência que ficou para trás quando éramos crianças, a pedir mais carinho, a educar nossos filhos para que nos respeitem quando velhos, mesmo que as palavras não saiam mais com aquela lógica, mesmo que embaçadas pelas dores. É como olhar para si mesmo, alguns anos adiante.

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